O Que Fazer Quando Se Encontra Um Animal?
Infelizmente, a maioria das pessoas assume que um animal na rua é sinónimo de ter sido abandonado, mas a verdade é que em muitos casos tratam-se de animais que estão perdidos. Por isso, quando se encontra um animal, deve sempre tentar-se procurar a sua família original. Pode não ser fácil determinar se um animal está perdido, mas há indícios que, isolados ou combinados, poderão apontar para essa possibilidade: o animal tem coleira, peitoral ou trela; apresenta sinais de ter recebido cuidados veterinários recentes (tem um penso ou usa um colar isabelino, por exemplo); parece estar desorientado; está tosquiado; tem as unhas pouco gastas; não está sujo e tem o pêlo bem tratado (mas há que ter em atenção que, em poucos dias na rua, um animal pode ficar sujo e com o pêlo em mau estado); está bem nutrido; está esterilizado; obedece a comandos básicos; não faz as necessidades dentro de casa, ou faz as necessidades no WC apropriado, e demonstra estar habituado a viver dentro de casa; sabe viajar dentro de um automóvel; sabe andar à trela; é meigo e sociável; está habituado a comer ração seca; é de uma raça pouco comum, etc. Em caso de dúvida, é sempre melhor acautelar a possibilidade de o animal estar perdido e recolhê-lo ou, no mínimo, divulgá-lo.
- Aproximar-se do Animal
- Verificar Se o Animal Tem Identificação
- Recolher o Animal
- Cuidar do Animal
- Procurar a Família do Animal
- Se Não Encontrar a Família do Animal
Aproximar-se do Animal
Se o animal parecer amigável e se aproximar a pedir festas, no caso de se tratar de um cão, tente colocar-lhe uma trela (ainda que em material improvisado), pois não é possível controlar devidamente um cão segurando-lhe apenas na coleira (se sequer a tiver). No caso de se tratar de um gato, é importante tentar colocá-lo dentro de uma transportadora. Se necessário, contacte um familiar ou amigo pedindo-lhe que lhe traga uma coleira ou uma transportadora. Embora alguns animais possam ser transportados ao colo, é preferível transportá-los ou conduzi-los de forma a serem facilmente controláveis e não conseguirem fugir novamente.
Seja cuidadoso ao lidar com o animal. Alguns animais podem ficar assustados com a sua tentativa de os controlar e poderão morder ou tentar escapar. Mantenha o animal calmo, utilizando uma voz suave e tranquilizadora. Oferecer algumas guloseimas poderá ajudar. Deverá ter cuidados redobrados se o animal parecer estar ferido ou muito assustado (por exemplo, com as pupilas muito dilatadas).
Se o animal estiver ferido, nunca o deixe sem assistência! Contudo, é essencial manuseá-lo com muito cuidado, pois mesmo um animal dócil e bem socializado pode ser agressivo quando ferido e com dores. Tente recolhê-lo com a ajuda de uma toalha e, se necessário, improvise um açaime (com um atacador ou com um lenço, por exemplo). Leve-o a um veterinário ou telefone a um veterinário que faça deslocações ao domicílio, explicando-lhe o sucedido. Contudo, não se pode partir do pressuposto que, no caso de o animal estar mesmo perdido, os seus responsáveis pagarão as despesas em cuidados veterinários...
Verificar Se o Animal Tem Identificação
Se o animal tiver uma plaquinha com um número de contacto, deverá ligar para esse número. Se o animal tiver uma placa com o n.º de registo camarário, deverá dirigir-se ao canil municipal em questão, no sentido de obter o contacto da família do animal (de preferência, deixe o seu contacto e albergue o animal em sua casa ou na casa de outra pessoa que o possa acolher).
Se o animal não tiver nenhuma identificação visível, mas tiver coleira, tente verificar com cuidado se a mesma tem algum contacto escrito por fora ou no interior. Se não conseguir ver nenhum contacto, é importante levar o animal a uma clínica veterinária para verificar se terá um microchip de identificação (a verificação da existência ou não de microchip é gratuita em qualquer veterinário). Se o animal tiver microchip de identificação, mas o número não estiver registado no SIAC, pesquise pelo número de microchip na base de dados de animais desaparecidos do Encontra-me.org e na lista de microchips não registados na base de dados do antigo SICAFE. Se o animal tiver um microchip estrangeiro, o sistema internacional da Europetnet poderá dar uma ajuda.
De ter em atenção que é muito importante repetir-se cuidadosamente a passagem do leitor de microchips pelo corpo todo e, sempre que possível, efectuar uma segunda leitura noutro veterinário ou com um leitor diferente. Infelizmente, há muitos casos em que não é detectado nenhum microchip de identificação, embora o animal o tenha.
Há alguns animais que têm uma tatuagem de identificação (geralmente, as tatuagens encontram-se na zona da virilha ou na dobra interior das orelhas, formando uma cadeia de números e letras). Infelizmente, não há nenhuma base de dados nacional de tatuagens, mas poderá tentar contactar o Clube Português de Canicultura ou o Clube Português de Felinicultura, no sentido de saber se têm conhecimento da origem do tipo de tatuagem.
Uma nota importante: se encontrar um animal com identificação mas, infelizmente, moribundo ou já sem vida, ligue para o número de contacto. A família do animal gostará de saber o que sucedeu ao seu amigo, ainda que o desfecho não seja o esperado.
Recolher o Animal
Antes de tirar o animal da rua, é muito importante questionar os moradores e comerciantes locais sobre se o conhecem. Se ninguém o reconhecer, tente albergá-lo em sua casa (ainda que limitado a uma divisão ou à garagem, por exemplo) ou tente encontrar alguém ou alguma clínica veterinária que o possa acolher temporariamente enquanto tenta localizar a sua família. Desorientado e angustiado, se o animal for deixado na rua, dificilmente ficará no mesmo local. Muitas vezes, um dia ou dois dias de acolhimento fazem toda a diferença entre o animal regressar a casa são e salvo ou ser atropelado ou desaparecer sem deixar rasto. Por favor, faça todos os possíveis por encontrar uma forma segura de o recolher. É essencial que o animal seja recolhido num local seguro, para impedir uma nova fuga (evite deixá-lo num quintal/jardim ou numa divisão com janela/varanda aberta para a rua).
Evite entregar o animal num canil/gatil municipal (ao invés, deixe um folheto de divulgação com uma fotografia do animal e os seus contactos), pois a maioria dos canis/gatis municipais está sobrelotada e sem as condições necessárias para acolher mais animais.
Cuidar do Animal
Ofereça ao animal acesso imediato a água. Um animal pode passar dias sem comer, mas a água é essencial. De seguida, alimente-o, de preferência lentamente, de forma a minimizar eventuais reacções adversas. Mantenha o animal numa divisão calma e ofereça-lhe algo confortável onde descansar e, eventualmente, brinquedos para se entreter. No caso de se tratar de um gato, deverá disponibilizar-lhe também um WC para que possa fazer as suas necessidades.
Esteja preparado para a eventualidade de o animal roer objectos que estejam ao seu alcance ou fazer as necessidades no chão. Tal é perfeitamente compreensível e poderá suceder no caso de se tratar de um animal muito jovem ou de um animal muito angustiado por não se encontrar num ambiente familiar, por exemplo.
Sempre que levar o animal à rua, leve-o sempre dentro de uma transportadora, caso de trate de um gato, e utilize sempre um peitoral e uma trela, caso se trate de um cão (coloque a trela dentro de casa antes de sair e só a retire dentro de casa depois de chegar). É uma medida simples e indispensável para evitar que o animal fuja e fique novamente perdido.
Procurar a Família do Animal
Depois de o animal estar recolhido e em segurança, e de ter verificado que o mesmo não tem microchip ou outra identificação, pesquise animais com características semelhantes na base de dados de animais desaparecidos e, se não encontrar nenhuma correspondência, publique um anúncio de animal encontrado, o que também lhe irá disponibilizar automaticamente um folheto para divulgação. Imprima algumas dezenas de folhetos e leve-os consigo para a zona em que o animal foi encontrado. Volte a questionar os moradores, comerciantes e outros frequentadores da zona sobre o animal encontrado e esteja atento a eventuais folhetos a divulgar o desaparecimento do animal.
Se não obtiver resultados, é essencial afixar folhetos de divulgação na zona em que o animal foi encontrado (cobrindo o maior perímetro possível), e é absolutamente indispensável notificar o canil municipal do concelho pertinente e os canis dos concelhos vizinhos, (por exemplo, deixando ou enviando um folheto de divulgação para os mesmos). Nos sites das câmaras municipais, poderá obter a localização e os contactos dos respectivos canis.
Se o animal encontrado for um gato, muito provavelmente, não estará muito longe de casa. Contudo, no caso de se tratar de um cão, a verdade é que poderá ter vindo de qualquer ponto da localidade ou até mesmo de outra localidade mais distante. Daí que seja importante notificar também as clínicas veterinárias de todo o concelho e dos concelhos adjacentes. Se necessário, anuncie o animal em jornais e estações de rádio locais.
Não coloque a sua morada nos folhetos de divulgação; inclua apenas um contacto telefónico (de preferência, móvel). Essencialmente no caso de se tratar de um animal de raça definida (sendo por isso "valioso" para algumas pessoas mal-intencionadas), não descreva o animal na totalidade. Oculte sempre uma ou duas características identificadoras (pode ser um acessório, por exemplo), para depois obter uma descrição mais detalhada por parte da pessoa que o possa eventualmente contactar. Informação privada como um número de microchip ou a inscrição de uma anilha ou tatuagem nunca deve ser divulgada publicamente. Este tipo de informação confidencial pode ser usada por pessoas mal-intencionadas para se fazerem passar pelos responsáveis legítimos de um animal. Para descartar eventuais correspondências, deverão ser indicados apenas alguns caracteres. Antes de entregar o animal a qualquer pessoa, deverá certificar-se de que essa pessoa é realmente a pessoa responsável pelo animal (colocando-lhe todas as perguntas que julgar pertinentes e pedindo-lhe fotografias que comprovem que o animal é dela, por exemplo), bem como tentar averiguar se a pessoa realmente pretende ter o animal de volta. Se a pessoa não mostrar particular interesse, é preferível que o animal seja adoptado por outra pessoa disposta a cuidar dele responsavelmente. Nesse caso, são aplicáveis as recomendações da secção seguinte.
Depois de o animal ter regressado ao seu lar, deverá actualizar o anúncio que publicou, recolher os folhetos que afixou e informar as pessoas que o auxiliaram, inclusive canis municipais e clínicas veterinárias.
Se Não Encontrar a Família do Animal
Muitas vezes, os esforços de quem perde um animal e de quem encontra esse animal só se cruzam depois de um considerável período de tempo (semanas ou meses). Se não for contactado num período de tempo razoável (no mínimo dos mínimos, é recomendável aguardar pelo menos uma semana) e não puder adoptar o animal encontrado, deverá procurar um novo lar para o animal. Contudo, é importante informar sempre o adoptante de que se trata de um animal que poderá estar perdido e que, por conseguinte, poderá ter de ser entregue à sua família original.
Infelizmente, praticamente todas as associações que acolhem animais estão sobrelotadíssimas e deparam-se com imensas dificuldades para alimentar e manter todos os animais que têm a seu cargo, pelo que é muito difícil encontrar uma associação que tenha condições para acolher condignamente mais um animal que seja. Por outro lado, salvo poucas excepções, os animais que dão entrada numa associação acabam por viver lá o tempo que lhes resta até ao fim das suas vidas. E a vida de um animal no abrigo de uma associação está longe de ser ideal, pois o carinho, a atenção e os cuidados têm de ser divididos por todos os animais. Como tal, sugerimos que assuma você mesmo a divulgação do animal.
Contacte familiares, colegas e amigos no sentido de saber se alguém estará interessado em adoptar o animal. Poderá colocar apelos nos diversos recursos da Internet destinados a promover a adopção de animais. Poderá também elaborar um folheto A4 apelativo com fotografia e pedir para afixar em clínicas veterinárias e lojas de artigos para animais (outros locais NÃO são nada recomendáveis, pois são mais propensos a originar adopções por impulso e não ponderadas, que mais facilmente acabam em desleixo ou abandono!). Em qualquer caso, é sempre essencial colocar algumas questões ao candidato a adoptante e, sempre que possível, comprovar pessoalmente as condições de alojamento, de forma a confirmar se será efectivamente um adoptante responsável. Infelizmente, esta acaba por ser a parte mais complicada das adopções, pois é essencial encontrar um adoptante que cuide do animal durante toda a sua vida (que pode bem chegar aos 10-15 anos). Pode ver mais informações úteis no folheto educativo Animais de Companhia – Cuidar e Proteger.
Pela segurança e protecção do animal encontrado, é muito importante fazer-se os possíveis por esterilizar o animal antes da adopção (para mais informações, consulte o ponto "Esterilize o seu animal!", na secção Como Evitar). Recomendamos que entre em contacto com associações de apoio a animais abandonados na sua zona, pois provavelmente saberão indicar-lhe um veterinário com custos de esterilização mais acessíveis (encontra aqui uma lista de associações nacionais, distribuídas por distrito). É também essencial que o animal adoptado já leve consigo identificação visível (o recomendável é colocar-lhe na coleira uma medalha de identificação com os seus contactos, que só deverá ser retirada para colocação da medalha definitiva com os contactos dos adoptantes).
Um animal recém-adoptado (ou temporariamente acolhido num local que lhe é estranho) pode necessitar de várias semanas para se adaptar ao novo ambiente e à nova família. O risco de fuga é extremamente alto, pelo que é ainda mais importante ter cuidados redobrados: identificação visível, passeá-lo sempre pela trela e não o deixar em espaços exteriores com vedação inferior a 2 metros de altura (mais informações na secção Como Evitar).
Sugestões da Comunidade
Clique aqui para ler também algumas sugestões da comunidade.
Motodep: Bem-haja por tê-lo recolhido. É importante levá-lo a um veterinário para verificar se tem microchip. É gratuito e, em caso afirmativo, terá acesso aos contactos da família, se estiver devidamente registado. Em caso negativo, aposte na divulgação com folhetos, que poderão ser impressos aqui no site (clique em Folheto por baixo da foto para imprimir) e distribua/afixe pelos locais com mais visibilidade (cafés, GNR/PSP, multibancos, veterinários, paragens de autocarro, escolas, bombas de gasolina, mercados, etc.). Atenção aos possíveis “donos” que apareçam, peça sempre uma prova (uma foto, por exemplo, uma particularidade do animal, veja o comportamento do animal perto do “dono”, etc.). Existe por aí muita maldade... Divulgue no Facebook e também por e-mail para os canis e associações mais próximas. Boa sorte.
FatinhaL: Se ele continua na rua, experimente por favor falar com os vizinhos para saber se alguem bondoso da zona o podia acolher para não ficar à merce dos perigos da rua. Entretanto, consegue deixar-lhe sempre água e comida num sitio resguardado? Não se esqueça que deve ir ver se o patudinho tem chip. Tente levá-lo com cuidado a um veterinário usando peitoral apertado e trela (transportadora no caso de gatos). É grátis ver se tem chip e, se tiver, pode ser que o possa devolver depressa a casa. Se não tiver chip, não se esqueça de espalhar folhetos do anúncio na zona onde o encontrou e de enviar pelo menos um email com o folheto do anúncio para os canis municipais mais próximos e para as clínicas veterinárias, alguém o pode reconhecer. É muito importante ser divulgado depressa pelo menos nos canis porque é lá que o vão procurar primeiro. Todos os que conseguir porque ele pode vir de longe. Encontra os contactos na net. Mas não se esqueça que se alguém o reclamar tem de se pedir provas antes de o entregar (número do chip, fotografias, pormenores físicos, etc). Se daqui a uns tempos ainda não tiver aparecido a família, então apenas o entregue a adoptantes depois de o esterilizar e sempre com chapinha com contactos na coleira. Aconselhe-se com as associações da sua zona porque têm experiência em adopcões (olhe aqui www.encontra-me.org/lista_associacoes/).
JoãoSarib: Bem haja por o ter divulgado. Leve-o, por favor, a um vet para verificar se tem chip. Alerte o canil municipal (mas sem mencionar o local exacto onde se encontra caso continue na rua), pois pode ir lá a família procurá-lo. Alerte associações, clínicas veterinárias da zona. Podem reconhecê-lo, quem sabe? Fale com o carteiro da zona, ele conhece bem as ruas, casas e animais. Dê-lhe água e alimento, por favor. É o que costumam fazer os utentes deste site, no mínimo, nos casos em que não são recolhidos. Não o deixe em perigo na rua. Não há por aí alguém que o possa acolher entretanto? Aposte na divulgação, distribuindo folhetos, que poderão ser impressos aqui no site (clique em Folheto por baixo da foto para imprimir). Uma imagem vale por 1000 palavras! Espalhe na zona onde o encontrou. Mas cuidado com quem o reclamar, exija que saibam as características mais particulares. Esteja atento à Base de Dados de Animais Desaparecidos deste site. Pode estar lá divulgado ou ainda vir a ser publicado posteriormente, pois não era a primeira vez que aparecem primeiro como Encontrados e só depois como Desaparecidos. Divulgue no Facebook e nas associações do distrito (ou do concelho, no caso de gatos, pois os gatos, por si, não se afastam muito do local onde vivem). Aceda aos respectivos sites, clicando em www.encontra-me.org/lista_associacoes/